No meio desta pandemia, uma das atitudes que realmente se destaca é a solidariedade. Muitos precisando de muito e poucos com disponibilidade ou recursos para ajudar. Mas não é só de alimentos e ajuda financeira para a sobrevivência básica que a solidariedade é necessária. Não faltam projetos nas áreas de educação, cultura, esportes, lazer e saúde que têm o mesmo propósito de alcançar os menos favorecidos com atitudes que impactam positivamente a sociedade. Neste momento em que ainda estamos em estado de calamidade pública provocado pela pandemia do Covid-19, é ainda mais necessário alcançar mais e mais pessoas, comunidades, bairros e empresas, dado o estado de fragilidade, carência e desemparo que muitos vivem.
Projetos sociais bem-sucedidos, ou aquele que mal acabaram de nascer com esse mesmo propósito, muitas vezes alcançam empreendedores sociais que querem implantar a mesma ação em sua localidade, sem qualquer finalidade de lucro, mas sim de impacto social. Mas como fazer essa expansão do projeto da mesma forma e com a mesma eficiência do projeto original? É aí que o franchising aparece como mola propulsora desse desafio, aliás, dessa grande oportunidade de capilarizar uma ação social para outras regiões através do que denominamos de franquias sociais.
Utilizando as estratégias e ferramentas do franchising, que são normalmente usadas para replicar modelos comerciais de negócio com uma altíssima taxa de sucesso, também os projetos sociais, de inclusão social e negócios voltados a esses núcleos mais carentes e sem recursos podem se beneficiar do acesso ao know-how, técnicas, procedimentos e todo conhecimento desenvolvido por uma entidade sem fins lucrativos, além de toda experiencia obtida por ela e seus fundadores, que passam a ser replicadores do projeto, na qualidade de franqueados. E, em relação a isso, não há muito o que inovar – a expansão das franquias sociais de maneira consciente e responsável, feita com um bom projeto de formatação de seus aspectos operacionais e jurídicos, é sinal de uma expansão que tende a ser eficiente e bem-sucedida para alcançar o propósito original do projeto social
Existem, entretanto, alguns elementos próprios do sistema de franchising que devem ser mantidos também para a sustentação de uma franquia social, e que à primeira vista afugentam os empreendedores sociais que querem se tornar franqueados de um projeto social. Como obter recursos para dar sustentabilidade ao projeto? A entidade franqueadora não deveria ser remunerada? É possível alterar o projeto social para aplicação em uma determinada localidade em que o formato original não pode ou não consegue ser replicado, mas apenas aproveitado em parte? A resposta para todas as questões acima, a meu ver, é sim, é possível
Abrir mão da padronização é desafiador para um franqueador, mas à medida que reconhecemos que para cada grupo, comunidade ou localidade, as rígidas regras operacionais do franchising muitas vezes devem ser flexibilizadas para garantir a eficiência e o sucesso do projeto no local, as adaptações necessárias se tornam aliadas da entidade franqueadora e do próprio franqueado. O que não se pode perder de vista ao flexibilizar é a essência e o propósito do projeto, sem os quais corremos o risco de não estarmos tratando de um projeto de franquia, mas sim de mero licenciamento de marca ou apenas uma transferência de know-how.
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